quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

DIÁRIO DE UM CÃO











1ª semana
Hoje faz uma semana que nasci. ! Que alegria ter chegado a esse mundo!!! 1 mês. Minha mamãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar. 2 meses. Hoje me separaram de mamãe. Ela estava muito inquieta e com seus olhosme disse adeus como esperando que minha nova "família humana" cuidasse bem de mim, como ela havia feito.4 meses. Cresci muito rápido, tudo chama a minha atenção.Há várias crianças na casa que são como meus "irmãozinhos".Somos muito levados,eles me jogam 1 bola e eu os mordo jogando.5 mesesHoje me castigaram,minha dona se zangouporque fiz "pipi" dentro da casa... mas nunca me disseram onde eu deveria fazer.E como eu durmona"recamara"(deve ser um lugar fechado*)e...! eu não me aguentei!!!6 meses. Sou um cão feliz,Tenho o calor de um lar,sinto-me seguro e protegido...Creio que minha família me ama muito... Quando estão comendo me convidam,o pátio é somente para mim e eu estou sempre cavacando,como os meus antepassados lobos, quando escondiam a comida.Nunca me educam,seguramente porque nada faço de errado.12 meses. Hoje completei 1ano. Sou um cão adulto e meus donosdizem que cresci mais do que eles esperavam...Que orgulhosos devem estar de mim!!! 13 meses. Como me senti mal hoje... "Meu irmãozinho" tirou a minha bola.Como nunca pego seus brinquedos fui atrás dele e o mordi.Mas como os meu dentes estão muitos fortes,machuquei-o sem querer.Depois do susto me prenderam e quase não posso me moverpara tomar um pouco de sol.Dizem que sou ingrato e que vão me deixar em observação (certamente não vacinaram**)...não entendo nada do que está acontecendo.15 meses.Tudo mudou...vivo preso no pátio...na corrente...me sinto muito só...minha família já não me quer.As vezes esquecem que tenho fome e sede e quando chove não tenho teto que me cubra... 16 meses. Hoje me tiraram da corrente.Pensei que tinham me perdoado...Fiquei tão contente que dava saltos de alegriae meu rabo parecia um molinete... Parece que vou passear com eles. Subimos no carro, atrelamos o carreto e andamosum grande trecho quando pararam.Abriram a porta e eu desci correndo,feliz,crendo que era dia de passeio no campo.Não entendo porque fecharam a portae se foram..."Esperem"!!! – lati..."esqueceram de mim...!!!".Corri atrás do carro com todas as minhas forças...minha angústia aumentou ao perceber que ocarro se afastava e eles não paravam. Tinham me abandonado...17 meses. Procurei,em vão, achar o caminho de volta à casa. Sento-me no caminho, estou perdidoe algumas pessoas de bom coração que me olham com tristezae me dão algo de comer... Eu agradeço com um olhar do fundo de minha alma...quisera que me adotassem,eu seria leal como ninguémPorém eles apenas dizem "pobre cãozinho, deve estar perdido".18 meses. Outro dia passei por uma escola vi muitas criançase jovens como meus"irmãozinhos". Cheguei perto e um grupo deles,dando risadas,atirou-meuma chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria"... uma dessas pedras atingiu um dos meus olhos e desde então não enxergo com ele.19 meses. Parece mentira mas quando eu estava mais bonitoas pessoas se compadeciam mais de mim...Agora que estou muito fraco,com um aspecto bem mudado...perdi meu olho,as pessoas me tratam a pontapés(escobazos= pontapés? *) quando pretendo deitar-me na sombra.20 meses.Quase não posso me mover.Hoje, ao atravessar a rua por onde passam os carrosum deles me atropelou. Pelo que sei, estava num lugar seguro chamado "sarjeta",mas nunca vou me esquecer do olhar de satisfação do motorista ("que hasta se ladeó com tal de centrame" *). Oxalá tivesse me matado... porém só me deslocou a cadeira. A dor é terrível,minhas patas traseiras não merespondeme com dificuldade me arrastei até uma moita de ervas' fora da estrada... Já fazem 10 dias que estou em baixo de sol,chuva e frio,sem comer.Não posso me mover,a dor é insuportável.Sinto-me muito mal, estou num lugar úmidoe parece que meu pelo está caindo.Algumas pessoas passam e não me vêem; outras dizem: "não te aproximes".Já estou quase inconsciente,porém uma força estranha me fez abrir os olhos. A doçura de sua voz me fez reagir. "Pobre cãozinho, veja como te deixaram",dizia... junto a ela estava um senhor de roupa brancaque começou a tocar-me e disse:"Sinto muito senhora, mas esse cão já não tem remédio,o melhor é que deixe de sofrer." A gentil dama consentiu, com os olhos cheios de lagrimas.Como pude, mexi o rabo e olhei para ela agradecendopor me ajudar a descansar... Senti somente a picada da injeçãoe dormi para sempre, pensando em porque nasci, se ninguém me queria...A solução não é deixar um cachorro na rua,mas sim educá-lo. Não convertas em problema uma grata companhia.Ajude a despertar as consciências para acabar com o problema dos cães de rua.
CUIDA BEM DO TEU CÃOZINHO ELES PRECISA E MUITO DE CUIDADOS




LOURDES MARY COM MUITO CARINHO